Thursday, December 30, 2004

Dádiva


Não pretendia mais postar este ano, mas algo me fez mudar de idéia, ontem tive uma surpresa muito agradável, melhor que ganhar um presente é ganhar de alguém que você gosta muito. Na foto há uma deliciosa especiaria Kopenhagem que traz consigo um objeto muito especial. Há muitos anos a estrela de seis pontas aparece nas mais diferentes culturas e com as mais variadas propostas, foi usada de decoração a elemento mágico. Ela pode ser denominada como Selo de Salomão, Estrela de David, Escudo de David, Hexagrama e o espaço aqui se torna pequeno para explanar sobre as diversas linhas, não que não valha a pena, pelo contrário, é assunto fascinante. Eu a chamo de Maguen David e o significado que me traz é realmente o símbolo que representa a cultura, o sofrimento, o heroísmo e a esperança coletiva de todo o povo judeu.

Além disso, particularmente o meu Maguen David tem um valor inestimável, não é de ouro, mas o que é o ouro diante do arrepio que me toma ao saber que enquanto eu carregar comigo a estrela é porque terá morada em mim Claudio Rubiño, pessoa que por transcendente valor me escapam os vocábulos. Então, Claudio, faço do seu incomensurável presente o símbolo de nossa amizade e cuidarei dessa dádiva como cuidarei da nossa união. Jamais vou me esquecer, obrigado ...

... De todo o coração

Isma

Monday, December 27, 2004

10, 9, 8, 7, 6...


Não tem jeito, é um pouco besta, mas o momento me remete à introspecção, tente me livrar dessa idéia idiota de balanço, de fechar o ano antes de seu fim e adiar (jogar) tudo para o próximo ano, embevecido de esperanças e endividado de promessas, inclusive a promessa de que vai cumprir promessas.
Se fosse para fazer uma analogia sobre esse ciclo diria que uma das maiores lições que tive foi sobre Morte/Vida e a convivência diária com a saudade. Mas uma vez tive proveitosas lições sobre a falta de Ctrl+Z na vida, ao mesmo tempo fiz as pazes com o meu medo de errar nos casos de dúvida, parece que não refugo mais como antes, disso colhi frutos assim como colhemos na natureza, confiando que o tempo vai ajudar, que não choverá em demasia, que a estiagem não assolará, enfim, por muitas vezes decidi confiando da providência divina, sim, literalmente entreguei nas mãos de Deus, mas não saí de cena não, apenas fui humilde o bastante para reconhecer que não consigo fazer sozinho, estou aprendendo com isso, estou ficando forte, mas não insensível...
Para finalizar essa "masturbação psicológica" posso dizer que minha balança é positiva, ganhei muito, quem perde é 2004, pois está de saída, fica na memória (coisas boas e ruins). Se isso é triste então tentemos nos conformar com o presente que ganhamos, um ano novinho, modelo 2005 para fazer dele o que quiser. Fiz poucas promessas pra o novo ano, a principal delas é que vou continuar tentando melhorar, crescer, virar um adulto apaixonado por ser criança, vou continuar "atuando" na vida (vivendo), pelo menos na minha eu serei sempre protagonista e jamais platéia/telespectador e terei para mim os maiores reconhecimentos do meu bom desempenho cuja banca não me importa, porque sei quem pode e quem não pode me avaliar, não que eu tenha minha empatia hermeticamente lacrada numa caixa de sapatos debaixo da minha cama, mas o contrário, porque ultimamente ela tem me servido como lente corretiva a minha mente que pende para o erro...

Então, se é para vir, que venha... Estou pronto para a reestréia de mais um ano de temporada, não ensaiei porque a idéia é mesmo o improviso.

Isma

Wednesday, December 22, 2004

É a vida


É o esfolar da alma, o tomar do pânico, é dor do crescimento, é o peso da responsabilidade, é o prazer da vingança, é o tchau da partida, é o suor de fevereiro, é a hora que corre, é a segunda que chega, é o sal para a sede, é a sede de tudo, é a puta arrependida, é um preto que é cinza e um branco que é bege, é uma cueca no cu com uma meia esgarçada, é um quadro barato, é um bule da vó, é a virgem safada, a peneira furada, uma régua quebrada, é um terno do vô, é o lixeiro atrasado, o feriado febril, uma garrafa vazia de um vinho barato, uma espinha inflamada, é um telefone cortado, é a merda no sapato, uma meia puxada, um amor mal cuidado, um retrovisor arrancado, é o parque parado, o picolé derretido, um Monet imitado, é queijo mofado, a piscina gelada, uma esporrada na cara, um óculos de 10, é o erro acobertado, a certeza contrariada, é o não saber de mais nada, a córnea opaca, é uma mente burra, um cantor mal amado, o clichê na moda, é um conselho de padre, é o segredo entregado, a repulsa reprimida, uma infância maldita, é um olho roxo, é um futuro à sorte, é um retrato falado, um fado delegado, um primo enxerido, uma pobre metida, é um barraco incendiado, é uma ilusão antiga, um sonho distante, é o não sonhar, é o trupicá na talba, é um arroz requentado, é um filho de puta, é uma luta, o caos.... A vida... A parte chata da vida....

PS. Não... Não sou pessimista...

Monday, December 20, 2004

E Deus Ouvirá...


Fiz, era vontade antiga, mas nunca quis atender somente a ansiedade estética e quis que a gravura representasse algo muito maior, por isso dragões, índios e ideogramas orientais, apesar de me fascinarem do ponto de vista plástico, não "falariam" muito por mim. Desprezei o "o que é" para primar o "o que representa", e está aí meu nome na sua construção original hebraica. Significa "Deus Ouve" ou "Deus Ouvirá" segundo algumas interpretações, prefiro a última, pois se aproxima ainda mais do meu propósito de certificar o meu firmamento, é símbolo da crença de que eu esteja sendo ouvido, assim como fora o primeiro Ismael e sua mãe nos contos bíblicos.

"Disse-lhe ainda o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e terás um filho, a quem chamarás Ismael; porquanto o Senhor ouviu a tua aflição" (Gn 16.11).

"...afastando-se, foi sentar-se defronte, à distância de um tiro de arco; porque dizia: Assim, não verei morrer o menino; e, sentando-se em frente dele, levantou a voz e chorou, Deus, porém, ouviu a voz do menino; e o Anjo de Deus chamou do céu a Hagar e lhe disse: Que tens, Hagar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino, daí onde está. Ergue-te, levanta o rapaz, segura-o pela mão, porque eu farei dele um grande povo" (Gn 21.16-18).

Thursday, December 16, 2004

Os Algozes e o Coração


Não te aflijas se te achas diverso de todos, nós temos fraquezas... Por menores que sejam. Se a pele de um "guardado" a nossa tocar a nós ira ferir e "eles" se despertarão, revelando todas as suas fraquezas, porque todos têm inimigos, assim como Deus tem o Diabo. Nós temos nossos próprios antagonistas, porque os guardiões do coração podem não ser imortais, mas despertam de tempos em tempos para nos caçar e destruir ante o poder de sua inexplicável e injustificável fúria...

Monday, December 13, 2004

Nes Gadol Haya Sham


Baruch Atá Adonai, Elohênu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlic ner Chanuká.
Baruch Atá Adonai, Elohênu Mêlech haolam, sheassá nissim laavotênu, bayamim hahêm, bazman hazê.
Baruch Atá Adonai, Elohênu Mêlech haolam, shehecheyánu vekiyemánu vehiguiyánu lazman hazê.
Hanerot halálu anáchnu madlikin al hanissim, veal haniflaot, veal hateshuot, veal hamil'chanot, sheassíta laavotênu, bayamim hahêm, bazman hazê, al yedê cohanêcha hakedoshim. Vechol shemonat yemê Chanuká, hanerot halálu côdesh hem, veen lánu reshut lehishtamesh bahen, êla lir'otan bilvad, kedê lehodot ul'halel leshimechá hagadol, al nissêcha, veal nifleotêcha, veal yeshuotêcha.

Claudio, aproveite bem esse lindo momento de consagração!!!

Chag Sameach Chanuká

Shma

Friday, December 10, 2004

Sua mesa é a sua vida!!!


A mesa de um homem pode ser reflexo da vida dele, no meu caso uma completa bagunça, quase um caos. Periodicamente até nos dedicamos a por ordem em tudo, mas, quando percebemos, já nem sabemos se a gente vive a vida ou se a vida vive a gente, ou seja, perdemos as rédeas de tudo. Algumas mesas até aparentam organização, mas uma observação atenta nos mostra que, na verdade, elas estão vazias, não há nada o que bagunçar, lhes faltam elementos, coisas, conteúdo, e se isso é bom ou não... Não sei, no meu caso vou vivendo a vida, não do jeito que dá, mas, à medida do possível imbricando coisas boas do presente baseado-se no passado e planejando o futuro...

Wednesday, December 08, 2004

Quando O Homem É Uma Ilha


Qual era a verdade de cada pessoa, daquelas que me rodeavam numa casa geralmente alegre? Eu descobrira que nem sempre dizia o que pensava: e os outros?
Perplexidades adultas: por que nos perdemos tanto? Por que tantos encontros amigos ou amorosos, e mesmo profissionais, começam com entusiasmo e de repente - ou lenta e insidiosamente - se transformam em objeto de indiferença, irritação ou até mesmo crueldade?
Ninguém se casa, tem filho, assume um trabalho querendo que saia tudo errado, querendo falhar ou ser triturado. Quantas vezes, porém, depois de algum tempo trilhamos uma estrada de desencanto e rancor?
No mais trivial comentário, por que, em lugar de prestar atenção ao outro, a gente prefere rotular, discriminando, marcando a ferro e fogo o flanco alheio com um rótulo invisível e ao mesmo tempo tão evidente? "Burro", "arrogante", "falso", "preguiçoso", "mentiroso", "omisso", "desleal", "vulgar" - muitas vezes, humilhamos logo de saída, demonstrando nossos preconceitos sem nos envergonharmos deles, pois nem nos damos conta.
Parece que não convivemos com pessoas: convivemos com imagens construídas pela nossa falta de generosidade.
Pergunto a uma amiga pelo seu genro: "Aquele? Cada vez mais gordo!" Mas talvez eu quisesse saber se ele estava empregado, se estava contente, se fazia a filha dela feliz.
E nossa amiga comum? "Ah, essa? Irreconhecível, deve ter feito a milésima plástica na cara, mas os peitos estão um horror de caídos!" Não me disse se a mulher de quem falávamos se recuperara da viuvez, se estava deprimida ou já superara o trauma, se parecia serena ou aflita. Parece que invariavelmente acordamos com raiva de tudo e de todos. "Sujeito metido a besta", "professor ultrapassado", "alunos medíocres", "cantor desafinado", "empresário falido"...
Não vemos gente ao nosso redor. Vemos etiquetas. Difícil, assim, sentir-se acompanhado; difícil, desse jeito, amar e ser estimado. Vivemos como se estivéssemos isolados, com o olhar rápido e superficial, o julgamento à mão, armado: "um idiota", "uma dondoca", "um fracassado". Quem era, como se chamava, que idade tinha, se teve filhos, amigos, sucessos, fracassos, de que morreu, como viveu? É esse tipo de coisa que quero saber quando leio notícias do tipo "Aposentado morre de infarto na rua", "Idosa atropelada na avenida", "Mulher assaltada no caixa eletrônico".
Não admira que a gente sinta medo, solidão, raiva mesmo que imprecisa, nem sabemos do quê ou de quem. Atacamos antes que nos ataquem, o outro é sempre uma ameaça, não uma possibilidade de afeto ou alegria. Todo homem será uma ilha? - Lya Luft

Tuesday, December 07, 2004

Como é que desliga isso?!!!


Sim, porque é terrível sairmos pela rua reivindicando e celebrando a liberdade, dizendo para todas as espécies da terra que somos os seres mais autônomos que nela habita, mas quando olhamos para dentro de nós vemos essa fenda, essa deficiência que nos põe tão vulneráveis entre nós mesmos, os homens.
Lemos Saramago e Borges, ouvimos Buarque e Adoniran, assistimos Almodóvar e Kiarostami e, mesmo assim, vemos que não é só. Trabalhamos o corpo e o espírito, mas não somos auto-suficientes.
E essa ansiedade, essa falta que faz, esse vazio, esse sentimento ruim que suplanta o bom. Já que é tão difícil ter, então.... Como é que desliga isso?!!!

Monday, December 06, 2004

Um quarteto no triângulo


O que uma cidade a 600km de distância de sua terra, perdida em qualquer lugar do triângulo mineiro, com uma população de 274.988 pessoas, uma área territorial de 4.512 km² e conhecida pela criação de Zebu... Qual era mesmo a pergunta?!!!... Ahhh... Tahhh!!! O que uma cidade como essa pode ter de especial?!!! Não sei para vocês, mas para mim há uma mega razão especial, aliás, duas, e elas atendem por Su e André, meus amigos maravilhosos que aderiram ao "êxodo urbano", largaram Sampa e foram causar nessa cidade onde se fala "oie moço". No começo me pareceu uma loucura, o que um casal citadino vai fazer no meio do mato?!!! (A Sú odeia que eu fale assim....), mas esses futuros advogados (imagine se esses se separarem) estão se "aprumando" (palavra extraída do riquíssimo luso do André) e o triângulo tá ficando redondinho para eles.
Triste ter que viver tão longe, pelo menos é mais uma opção de passeio, como o que fiz neste final de semana!!! Agora.... Melhor que ir visitar seus amigos do coração é levar mais um, ehhhh Bob, você chega para completar esse quarteto que escandaliza o polígono de três ângulos mineiro.
Tristemente o grupo não se reunirá novamente esse ano, acabo de chegar, mas já sinto saudade. Adoro vocês: Su, Bob, André. Obrigado por preferirem meu lado bom, juro que respeito, admiração e carinho são os sentimentos que gritam dentro de mim quando me refiro a vocês, agradeço a Deus ter superado períodos turbulentos e por ter reavido a confiança dos meus amigos!!! Muita felicidade... Sempre...

Friday, December 03, 2004

Primo Rico e Primo Pobre


Quem leu a edição nº 341 da revista Época que entrou em circulação no dia 29/11/04?!!! Não é minha revista favorita, mas lá tem uma entrevista com Marcelo Medeiros, calma, se você não conhece não se sinta desinformado, esse cara acabou de ser reconhecido dentro do mundo acadêmico, econômico e sociológico ao divulgar sua tese que fala sobre a questão da distribuição de renda no país, inclusive foi condecorado com o um prêmio oferecido pela ANPOCS (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) que reconhece o trabalho como melhor tese do ano. Mas o que ele fez de tão fenomenal? Pelo contra-fluxo do que trivialmente se faz ele estudou o cenário da desigualdade social e distribuição de renda se concentrando no topo da pirâmide, e não sob a luz da ótica dos que seriam beneficiados com o processo de homogeneização da renda. Segundo ele conhece-se bem o grupo que vai receber os recursos, mas quase nada se sabe, através de avaliação científica, sobre o grupo que vai ceder os recursos. Pois se o objetivo é redistribuir a renda, uma hora, de um jeito ou de outro, os ricos terão de ser chamados ao canto para conversar.
Fala ainda, da questão moral que antecede o debate técnico quando o a assunto é a redistribuição e se concentra no mito, que foi ao chão, de que as pessoas são ricas por merecimento. No final da entrevista se concentra em três fatores cruciais: A cota para negros nas universidades como meio de justiça social, a feminilização da pobreza e a questão do tempo, sendo que para último farei um novo post com auxílio do ponto de vista de Domenico de Masi. Recomendo a leitura...

O Alto e Longe Voar dos Pombos


Padeço, triste, ao me convencer com o calendário que acusa dezembro. O mais temido e, até então, improvável aconteceu, e agora os dois pombos voam alto e longe daqui, donde só ouço falar sobre. E nem sequer tive alternativa, opção, de ter ao menos um na mão, desgarraram-se, pois... Cada um no seu momento.
Não estão em minhas mãos, mas esquentam meu coração, de onde nem a licença poética, muito menos meu ansiar me permitem expulsar, de onde, não fosse a cena lírica, esmaeceriam no frio que agora lá figura.
Me junto aos que têm fome, aos que morrem de vontade, aos que secam de desejo, aos que ardem e como numa tênue linha se enfartam, se congelam, se fecham, sofrem, choram... Morrem por dentro...

Texto dedicado aos que observam de mãos vazias o voar dos pombos, aos que acreditam que a felicidade existe, sim, mas nós não a alcançamos, porque está sempre apenas onde a pomos e nunca a pomos onde nós estamos.

Thursday, December 02, 2004

Lápide autobiográfica em 1º pessoa a La Cruz e Sousa

Minha Vida Obscura

Ninguém sentiu o meu espasmo obscuro,
Eu... Ser humilde entre os humildes seres.
Embriagado, tonto dos prazeres,
O mundo para mim foi negro e duro.

Atravessei no silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E cheguei ao saber de altos saberes
Tornando-me mais simples e mais puro.

Ninguém me viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração me apunhalou no mundo.

Mas esse que sempre me seguiu os passos
Sabe que a cruz infernal prendeu-me os braços
E o meu suspiro como foi profundo!

Minha casa... É pequena... Não tem bancos para sentar...

O látex da fachada está rachado e amarelado, o branco original sofreu com a ação das recorrentes chuvas, com a umidade, com o excesso de sol, com os repetidos ciclos de estações. Ideal seria substituir a textura da fachada, por granito, por exemplo. Bom mesmo seria mármore, italiano então... Hummmm... Uma ótima pedida.
O fato é que não há disposição para sequer broxar uma cal, pelo menos para cobrir o malhado que entrega o descaso, o descuido, o desuso ou o mau uso.
Assim vai, no “day by day” os que passam perto mal percebem, e se percebem... Isso não rende um comentário.
As “Almas” que residem os casarões ao lado começam a se preocupar com o possível impacto gerado pelo abandono da Casa, outrora tão famosa pela agitação, pelas recorrentes festas e encontros sociais e hoje.... Ao léu.
Não cabe às “Almas” vizinhas reaver este brilho, e sim, somente, e tão somente à “Alma” que ainda reside a Casa... Um dia ela fará...

...

...Os pensamentos foram aos poucos te perturbando, e o mundo foi te levando para tão distante daqui, já nem se lembra do seu primeiro amor e da casa onde foste tão feliz... E quando então esta canção no rádio tocar, certamente você vai lembrar do momento em que você cantou: Mais perto eu quero estar, Meu D-us, de ti, inda que seja a dor, que me una a ti... (Trecho de uma música que ouvia na infância, um duplo sentimento saudosista, o que vem de mim e o que vem da música... A passagem também traz um trecho de “Mais Perto”, um cântico clássico).


Wednesday, December 01, 2004

Desculpas...

À vida pela minha morbidez
À Jó pela minha inquietude
À Dalai Lama pela minha pequeneza
À Ana Maria Machado e Jean Piaget por ter crescido
Á luz por preferir a sombra
Ao dia por preferir a noite
À Plenitude pela turbulência de minh´alma
Ao autocontrole pelos meus 5 minutos
À Martin Luther King por não ter sonhado nada
Ao simples pela minha complexidade
Ao calor pela minha frieza
Ao coletivo pelo meu egoísmo
Às cores pelos meus recorrentes dias cinzas
À ONU por fomentar intrigas
Ao balde por chutá-lo
Ao capricho pelo relaxo
Ao presente pelo saudosismo
Ao futuro por ignorá-lo
À atenção pelo relapso
Ao capanga por fazer “minha” justiça com as próprias mãos
À Juan Dias Bordenave por não me comunicar
Aos docentes por não ter aprendido nada
Ao Rei por tê-lo colocado na barriga
Às formigas pela preguiça
À pontualidade por sempre chegar atrasado
Às Crenças pelo ceticismo
À Che por não ter causa nenhuma
Ao palhaço por não achá-lo engraçado
À Nick Park e Peter Lord por comer galinhas
Aos normais por gostar mais dos loucos
Aos sóbrios pelas bebidas com mais de 15% de álcool
Aos espermatozóides por desperdiçá-los na privada
Ao chão por viver tão longe dele
À henry Ford por gostar do had hoc
Ao México por odiar suas novelas
À Álvares de Azevedo por não gostar de “Lira dos 20 anos”
À Silvestre (minha gata) pelo abandono (ela morreu)
À Lair Ribeiro por achá-lo um charlatão
Às ovelhas brancas...
Ao criança esperança por não ter colaborado
A Quentin Tarantino por não ter assistido Pulp Fiction
À Semana de 22 por ser pós-modernista
À Almodóvar e Kiarostami por ter assistido American Pie I e II
Aos artistas por comprar CD´s piratas e copiar livros
Aos 10 mandamentos por ter transgredido vários
Aos amigos por contar tanto com a paciência
À Judas por quase ter roubado o seu papel
À Cristo por ter colaborado com minha pedra
À Deus... Por tudo...

Pois....

Ser lhano é ser louco?
Subjetivar é evadir-se do ordinário?
Normal é confortar-se a supostos aceitos paradigmas?
Louco é todo aquele que não se anui aos preceitos?
Não ser medíocre é ser lisérgico?
Sou herético, e agora?!!! a fogueira e cai bem?
Não sou normal, agora eu sou louco?

Se me afasto cada vez mais deste plano... Para onde vou então?!!!

Ismael Borges

Velhos pergaminhos, novas idéias

Os Pergaminhos do Mar Morto são considerados uma das mais sensacionais descobertas arqueológicas do século XX. Eles são as escrituras mais antigas já descobertas da Bíblia do Velho Testamento e mostram que os textos lidos hoje já estavam escritos há dois mil anos. Além de interesse arqueológico e histórico, a Exposição possui forte interesse cultural, religioso e educacional, talvez esse seja esse o fator mais positivo do evento, pois os pergaminhos, por si só, não sustentariam a complexidade ideológica que envolve o tema, tão rico e empírico sob tantos pontos de vista e pertinente a tantos campos e ciências.
Talvez um ponto não tão positivo na exposição, mas difícil de ser resolvido (se é que é um problema) seja os extensos textos que te introduzem aos conceitos pertinentes e importantes para calçar uma idéia vasta sobre o tema, mesmo para os letrados no assunto a leitura é de extrema importância e pensando nos que não a fazem a curadoria planejou a imersão dos visitantes com as longas referências.
Sobre o conteúdo, muito bom, um terceiro ponto de vista sobre a maneira de ver o mundo refugando as idéias normativa básicas em função da luz judaica ou cristã. (Leia post Os Essênios).
Não sei se é muita pretensão, mas os organizadores pretendem bater o número de visitas de exposições importantes, dentre elas, Picasso. Como a exibição dos pergaminhos fica até 27/2 na Estação Pinacoteca pretendo fazer uma nova visita, para conferir se escapou algo. Recomendo, de alguma forma vale a pena.